terça-feira, 21 de outubro de 2008

'O frio que vem de dentro'

Conta-se que seis homens ficaram presos em uma caverna por causa de uma avalanche de neve.
Teriam que esperar até o amanhecer para receber socorro. Cada um deles trazia um pouco de lenha
e havia uma pequena fogueira ao redor da qual eles se aqueciam.

Eles sabiam que se o fogo apagasse todos morreriam de frio antes que o dia clareasse.
Chegou a hora de cada um colocar sua lenha na fogueira. Era a única maneira de poderem sobreviver.

O primeiro homem era racista. Ele olhou demoradamente para os outros cinco e descobriu que
um deles tinha a pele escura. Então, raciocinou consigo mesmo: 'aquele negro! Jamais darei
minha lenha para aquecer um negro'. E guardou-a protegendo-a dos olhares dos demais.

O segundo homem era um rico avarento. Estava ali porque esperava receber os juros de uma dívida.
Olhou ao redor e viu um homem da montanha que trazia sua pobreza no aspecto rude do semblante
e nas roupas velhas e remendadas. Ele calculava o valor da sua lenha e, enquanto sonhava com o seu
lucro, pensou: 'eu, dar a minha lenha para aquecer um preguiçoso', nem pensar.

O terceiro homem era negro.Seus olhos faiscavam de ressentimento. Não havia qualquer sinal de perdão
ou de resignação que o sofrimento ensina. Seu pensamento era muito prático: 'é bem provável que
eu precise desta lenha para me defender. Além disso, eu jamais daria minha lenha para salvar
aqueles que me oprimem'. E guardou suas lenhas com cuidado.

O quarto homem era um pobre da montanha. Ele conhecia mais do que os outros os caminhos,
os perigos e os segredos da neve. Este pensou: 'esta nevasca pode durar vários dias. Vou guardar
minha lenha'.

O quinto homem parecia alheio a tudo. Era um sonhador. Olhando fixamente para as brasas, nem
lhe passou pela cabeça oferecer a lenha que carregava. Ele estava preocupado demais com suas
próprias visões (ou alucinações?) para pensar em ser útil.

O último homem trazia nos vincos da testa e nas palmas calosas das mãos os sinais de uma vida de
trabalho. Seu raciocínio era curto e rápido: 'esta lenha é minha. Custou o meu trabalho. Não darei
a ninguém nem mesmo o menor dos gravetos'.

Com estes pensamentos , os seis homens permaneceram imóveis. A última brasa da fogueira se cobriu
de cinzas e, finalmente se apagou. No alvorecer do dia, quando os homens do socorro chegaram
à caverna encontraram seis cadáveres congelados, cada qual segurando um feixe de lenha.

Olhando para aquele triste quadro, o chefe da equipe de socorro disse: 'o frio que os matou não foi
o frio de fora. mas o frio de dentro'.

Não deixe que a friagem que vem de dentro mate você. Abra o seu coração e ajude a aquecer
aqueles que o rodeiam.

Não permita que as brasas da esperança se apaguem nem que a fogueira do otimismo vire cinzas.
Contribua com o seu graveto de amor e aumente a chama da vida onde quer que você esteja.

E não nos cansemos de fazer o bem, porque a seu tempo ceifaremos, se não desfalecermos.
Portanto aquele que sabe que deve fazer o bem e não o faz, nisso está pecando.